Antes de eu ir para o intercâmbio, eu já tinha decidido que eu iria para a Califórnia de qualquer maneira... e mesmo sem conhecer ninguém nem combinar a viagem, eu já tinha comprado a minha passagem de volta para o Brasil voltando por lá, ou seja, teria que dar meu jeito de arrumar companhia.
Eu combinei com a Nathalia de ir com ela pelo Facebook, minha gente. Nem conhecia ainda, só fui conhecer mesmo em Orlando. Durante o intercâmbio ela se tornou uma das minhas melhores amigas e a gente se deu super bem, ainda bem, né, porque no final só fomos nós duas para fazer a viagem. Só que a Nathalia tinha marcado a volta dela para o dia 11 bem cedinho e a minha passagem de volta era só para o dia 13. Ela até tentou mudar, mas não tinha mais como. Resumindo: passei 3 dias sozinha em Las Vegas.
Eu levei ela para o aeroporto cedo e tivemos o probleminha básico com o peso das malas, imaginem, colocar 4 meses nos EUA dentro de 2 malas de 32kgs... praticamente missão impossível! Mas no final conseguimos (o tanto de creme e shampoo que foi para o lixo...) e ela embarcou.
10h da manhã e eu já estava sozinha.
Voltei para o hotel e dormi um pouco, afinal, estava exausta. Quando acordei fiquei conversando no Skype com a família um tempão (ótima a internet do hotel, por sinal). Meus pais ficavam falando para eu sair e ir andar por Las Vegas e aproveitar porque estava acabando. Só que:
a) Andar sozinha não tem nem metade da graça
b) Ir na rua dá vontade de gastar dinheiro e eu não tinha mais nada praticamente
c) Em 4 meses nos EUA, eu só consegui descansar 1 dia. UM dia. Nos dias que eu não trabalhei na Universal, ou eu ia passear nos parques ou ia fazer compras. Cada dia que eu passava lá queria aproveitar ao máximo, então mesmo doente, eu não fiquei em casa praticamente nunca. E depois na Califórnia, como vocês puderam ver nos relatos, a gente não parou um segundo, então, quando eu tive esse tempinho em Vegas para descansar, eu aproveitei para descansar um pouco. E não me arrependo. Eu ainda tinha um dia inteiro por lá e já tinha visto tudo que queria ver mesmo.
Fiquei de bobeira no hotel arrumando mala até umas 6 da noite, aí peguei um taxi e fui para o Cosmopolitan Hotel, porque falaram que lá tinha umas coisas legais. Estava meio chato e eu estava com fome, aí fui comer no Pink's Hot Dog que tinha perto, fica na Strip, perto da Sephora.
O Pink's é tido como "o melhor hot dog da Califórnia". Tinha ouvido muito sobre ele em LA, mas não tivemos a oportunidade de provar por lá. Lá nos EUA eles colocam um monte de coisas no cachorro-quente, molhos cheios de pimenta etc... Eu sou super enjoada com essas coisas, então acabei comendo só pão, salsicha e ketchup e achei super sem graça. Mas imagino que o "original" com o molho deles deve ser bom (se você gosta desse tipo de comida).
Lá no Pink's eu conheci na fila 3 americanos (uma menina e dois meninos) que estavam passando o Spring Break por lá. Fiquei conversando com eles e eles disseram que iam na Pure Nightclub mais tarde (fica dentro do Caesar's Palace) e me chamaram para ir com eles. Só que ainda era cedo, umas 20h e a boate só abria às 23h. Eles me chamaram para ir no hotel deles para uma pre-party, mas eu não sou louca, obviamente, não iria hotel sozinha com pessoas que tinha acabado de conhecer. Combinei então de encontrar com eles na boate (eu não podia ir à Vegas e não conhecer nenhuma boate, né?!).
Fiquei fazendo hora na Strip, lá tem uma loja de doces imensa e maravilhosa, chamada Sugar Factory. Uma loucura mesmo. A Strip é sempre cheia.
A hora não passava e eu resolvi ir logo para o Caesar's Palace, já que aquilo lá é praticamente uma cidade. Na entrada do hotel-cassino tinha um cara distribuindo entrada gratuita para a boate, e eu, pobre, fui correndo pegar uma! hauhauhauha Acho que a entrada era algo como $30.
Sentei num bar e tomei meu primeiro e único drink da viagem, um Cosmopolitan que me custou praticamente um rim de tão caro, mas valeu a pena, porque eu não podia ir a Vegas e não tomar nem um drinkzinho. Tomei só um porque:
a)Dinheiro curto.
b)Eu estava completamente sozinha numa cidade louca, precisava estar com o cérebro 100%.
O cara do bar nem me pediu identidade para vender a bebida alcóolica, o que eu achei super estranho, porque lá nos EUA eles são super chatos com isso.
Quando era quase 11h eu fui para a fila da boate, e a situação era hilária. Para entrar na boate tem que estar bem vestido, segundo as regras, e eu estava de jeans, sapatilha e um sobretudo quadriculado ($9 no Outlet da Rue 21, thank you very much). Quando eu olhei em volta só tinham mulheres com micro-vestidos lotados de paetê, aqueles cabelos loiros platinados com laquê para deixar imenso com topete e saltos de 15cm de acrílico. Acho que dá para ter uma idéia, né?
Perguntei ao segurança se eu ia poder entrar vestida como estava e ele disse "Sure!", então fiquei na fila, me sentindo um peixe fora d'água. Mas nem me importo, acho legal ser diferente nesses momentos. huahuahaha
Na fila o cara atrás de mim não parava de olhar e perguntar coisas, e quando eu entrei, todo lugar que eu ia eu via ele por perto. A boate é muito legal, estava tocando muitas músicas boas e eu realmente queria ficar. Só que ainda era relativamente cedo e o pessoal que eu tinha conhecido mais cedo ainda não tinha chegado e ficar numa boate sozinha já é estranho, em Las Vegas então, multiplica isso por 20. Comprei uma água, fiquei mais um pouco lá, o cara estranho encarando. Depois de cerca de 40 min/1h, desisti e voltei para o hotel.
No dia seguinte acordei e fui ao outlet mais uma vez, comprar as últimas encomendas da família. Que tortura, SENHOR! Ir ao outlet sem dinheiro é a pior coisa do mundo. Nunca quis tanto comprar as coisas, nunca vi tanta coisa que valia a pena comprar só que não podia mais porque o dinheiro tinha acabado.
O outlet de Vegas é muito bom, achei várias coisas ótimas por lá, tem uma loja de suplementos e vitaminas com descontos excelentes, comprei várias vitaminas que pagava uma fortuna aqui por uma bagatela lá. E comprei sombras da Lancôme com 80% de desconto, saindo a $3,99 cada uma!
Saí de lá e fui para um shopping chique que tem na cidade para passar na Apple e comprar um outro iPod shuffle (tinha perdido o meu em LA e me faz muita falta, além de ser baratinho por lá, $49).
Almocei num restaurante fast-food italiano que tinha lá dentro, muito bom. Esse shopping é absurdamente grande e tem um milhão de lojas, mas eu realmente não lembro o nome dele.
Saí de lá e fui para o shopping Forum, que fica dentro do Caesar's Palace. Ele tem o teto pintado como se fosse o céu, e fica aberto até meia noite!
Fui lá só para conhecer mesmo, porque tinham falado que era legal.
Mas como eu tenho espírito de Becky Bloom e não consigo resistir, acabei indo na M.A.C e comprei um batom. A M.A.C de lá é tão boa! Tinha todos os batons edição limitada que eu não conseguia achar em nenhum outro lugar!
Quando eu saí da loja (com o batom vermelho que eu estava usando e cabelo igual uma louca e óculos - eu não ia tirar fotos, não precisava me arrumar hauhuaha), estava tentando tirar uma auto-foto só para ter né, provar que eu fui no Caesar's Palace e veio uma boa alma se oferecer para tirar a foto.
Acho que é a única foto não auto-foto que eu tenho desses dias.
Voltei para o hotel, pois tinha a missão mais impossível de todas: conseguir colocar tudo nas minhas malas e fazer com que tivessem apenas 32kgs cada.
Eu aprendi a melhor maneira de manter o peso das malas.
Eu levo uma mala grande e uma média. Na mala média eu coloco tudo que é pequeno mas pesado: cremes, shampoos, livros, pequenas roupas, sobretudos pesados... essa mala menor eu ia colocando coisas todos os dias e amassando cada vez mais.
Na mala grande, colocava as coisas grandes e leves: brinquedos, copos, sapatos, coisas com caixa.
Terminei de arrumar as malas quase meia-noite e estava morrendo de fome, então peguei o carro e fui para o hotel-cassino Paris, aproveitando a chance de conhecer.
Ok, vou admitir que senti um bom medinho nessa hora. As ruas estavam vazias e a entrada do estacionamento do hotel não tinha ninguém. Quem já foi a Vegas sabe o quanto esses estacionamentos são imensos, andares e andares para estacionar os carros. Pois bem, eu estacionei e não vi uma viva alma passeando por lá. Estava certa que alguém da máfia ia aparecer das sombras e me sequestrar e eu nunca mais voltaria para casa, mas graças a Deus encontrei o elevador e achei a parte dos restaurantes.
Cheguei faltando 10 min para a meia noite e já estava fechando, e tive que pegar a única coisa que restava: uns pedaços de pizza avulsos que eles vendiam. Sem opção, comprei aquilo mesmo.
Voltei para o hotel, comi e dormi, porque no dia seguinte ainda tinha que entregar o carro e tentar trocar o meu vôo (no meu itinerário eu ia ter que subir de volta para SF, com uma conexão de apenas 30min, descer para Houston e então de lá para o Rio. Eu tinha certeza que essa conexão entre SF e Houston ia fazer com que minhas malas desaparecessem e eu já tinha visto que tinha vôo direto de Vegas para Houston).
Antes de fazer o check out, um mini ataque de pânico: as chaves do carro tinham sumido. Pessoal, quando eles alugam o carro eles dão duas chaves para a gente, que vem juntas em um chaveiro, mas você pode separar. Deixamos juntas porque se separasse aí que as chances de sumirem seriam muito maiores. Caso perdesse a chave, pagaria multa de $200 POR CHAVE. A essa altura todo o meu dinheiro eram $15 que eu tinha deixado separado para comer no aeroporto, além de que, se eu tivesse mesmo perdido as chaves, até entrar em contato com a Alamo e resolver isso, já teria perdido o voo.
Saí igual à uma louca pelo hotel perguntando em todos os lugares se tinham visto a chave e nada. Quando eu estava realmente prestes a enfartar, lembrei que tinha colocado no bolso da jaqueta. Ai, ai.
O aeroporto de Las Vegas não é longe da cidade, mas o lugar para devolver o carro é bem longinho do aeroporto. E lá fui eu sozinha com meu Jeep e três malas que pareciam que carregavam pedra de tão pesadas. Entreguei o carro para o cara da Alamo e ele ficou me olhando e perguntou de onde eu tinha vindo e tal e quando viu que eu fui de SF a Las Vegas e estava sozinha, ficou todo: "Você veio sozinha?! Menina, você é corajosa." haha Ele me explicou como pegava o transfer para o aeroporto e desejou boa viagem.
O transfer é um ônibus, e é um velhinho que coloca as malas lá. Eu disse que colocava eu mesma, porque tadinho, eu sabia o peso das minhas malas. Ele foi todo fofo e disse que não, que ele botava e o pobre quase caiu quando foi pegar a minha mala. "O que que você tem aqui dentro?! Vai pagar uma fortuna de excesso!". QUE VERGONHA.
Enfim cheguei no aeroporto e conversei com a mulher da United sobre a minha situação e ela foi suuuuper fofa e na hora falou que ia procurar para ver se tinha lugar em um vôo melhor e conseguiu para mim um vôo direto para Houston, só que eu ia ter que ficar lá esperando durante 5 horas. Eu disse que tudo bem, antes ficar lá que pulando de avião e avião e correndo dentro de aeroporto com medo de perder vôo e malas.
As minhas malas pesaram exatamente 31,5kgs a média e 31,9kgs a grande. Para quem não sabe, só esses vôos do Brasil que são autorizados a despachar 2 malas de 32kgs! Para o resto do mundo é uma mala de 23kgs e olhe lá!
A mala de mão estava entupida e devia pesar uns 20kgs tb, mas ninguém falou nada... até eu entrar no avião e a mala não entrar no compartimento porque o vôo era interno e o avião menor! Nesse momento eu já estava passando mal de calor, porque tive que colocar todas as roupas que conseguia para não pesar na mala e ainda estava com um chapéu na cabeça (brilhante idéia que eu tive de comprar em Sausalito... depois não tinha onde carregar!). A aeromoça super antipática chega e diz que vai ter que despachar, só que tudo meu de valor estava ali, se sumissem com a minha mala de mão, nem sei. Eu disse que ia conseguir colocar, ela disse que eu ia ter que sair do avião se não despachasse e eu comecei a entrar em desespero. Chegou outra aeromoça e me deu um saco de lixo, coloquei uns casacos que tinham na mala e consegui fechar a extensão e ela entrou no compartimento! \o/
Todo mundo no avião começou a aplaudir e eu quis sumir.
O aeroporto de Houston é um dos maiores do mundo e obviamente os meus portões de embarque eram em extremidades opostas. Como eu troquei a passagem na última hora, a mulher da United falou para eu pegar o ticket lá em Houston. E cade que eu achava? Todo lugar da United que eu passava ou não tinha ninguém, ou não sabiam informar onde pegar o ticket. E eu andando com uma mala de mão de 20kgs, uma mochila nas costas que pesava facilmente uns 10kgs, uma sacola de lixo cheia de casacos e a carteira na mão. Quase parei no meio do aeroporto e chorei, mas finalmente achei uma cabine da United que imprimia a passagem.
Fui comer - finalmente - e depois sentei no chão do lado de fora da sala vip da United, porque ali tinha como usar o wi-fi de graça e ainda carregar o computador. huahauhauhauha
O vôo de volta para o Brasil foi uma maravilha, o avião da United era novíssimo e as cadeiras super espaçosas, o vôo vazio. Vim feliz dormindo. Minhas malas chegaram direitinho e passei na alfândega sem problemas! :) :) :) :) :)
Olhem as minha malinhas... super singelas para 4 meses, não? |
Esse relato ficou imenso e cheio de coisas que provavelmente vocês nem se importam, mas quando eu começo a falar não consigo parar!!! uahuahuahhauha
Enfim, espero que tenham gostado dos relatos e que eles possam ajudar quem está indo viajar! E mais uma vez super aconselho todo mundo a fazer uma viagem para a Califónia, vocês certamente não irão se arrepender!
Camilla, seus relatos são incríveis! Vc é super animada, e descreve com tanto entusiasmo, que é impossível nao ser contagiada com sua animação. Adorei todos os relatos! Parabéns!!!!
ResponderExcluirObrigada!!!! Fico muito feliz que tenha gostado! :D
ExcluirNossa que perrengue no aeroporto/avião!!! Que bom que tudo deu certo !!!
ResponderExcluirMuito bom seu relato.... li vários, mas o seu foi o mais sincero e que me fez rir um bocado...
ResponderExcluirBeijos
Super dicas! Serão super úteis prá mim!! Valeu!
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