quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Nerja, Málaga - Espanha

Aqui está quente.

Quando eu digo quente, é quente tipo verão no Rio de Janeiro.

Desde antes de vir para cá, eu me prometi aproveitar o máximo que puder e,  se eu tivesse condições financeiras, iria em todos os passeios possíveis. Pois bem, o passeio que teve domingo passado foi para Nerja, um município da província de Málaga que fica a cerca de 1h e meia daqui de Granada. Por míseros €9, tínhamos direito ao transporte à cidade e depois para a praia e um mirante, além de bebida à vontade (cerveja, refrigerante, vodka, vino de verano...) e almoço (um sanduíche super decente). Admito que não esperava muita da praia, de alguma maneira na minha cabeça às praias daqui eram tipos as da Inglaterra, com pedras em vez de areia e mar acinzentado. Mesmo assim, eu fui.

E, oh meu Deus, eu estava prestes a ter uma enorme surpresa.

O nosso ônibus sairia do botellodromo (aquele que eu falei um pouco no post anterior) e vou dizer que fiquei chocada quando vi o quanto era longe do meu apartamento. À noite parecia bem mais perto, mas no domingo às 7h da manhã, levamos quase 30 min caminhando.

Chegando lá, a primeira coisa que chamou a atenção é como os europeus vão para a praia: calça jeans, casaco de moletom, tênis... Isso porque aqui está fazendo um calor infernal.

E nós, brasileiros, os únicos de shorts e chinelos.

Antes de ir para a praia, paramos em Nerja para tomar café da manhã. A cidade é uma graça e me lembrou muito Pipa, no Rio Grande do Norte.




Lembram que eu disse que esperava um mar cinza e sem graça?

Então, Nerja me recebeu assim:




Eu nem queria mais tomar café da manhã! Minha vontade era correr para a praia e dar um mergulho nesse azul deslumbrante!

Mas, como passaríamos o dia inteiro por lá, fui comer, afinal, a praia estaria lá me esperando pelo resto do do dia.

Acabamos comendo em um restaurante de tapas a €1. Eu já disse o quanto eu amo tapas? Porque eu realmente amo! Ontem eu fui em dois bares, pedi uma cerveja em cada (€2) e com cada cerveja veio um prato de tapas tão grandes que eu juro que no Brasil iriam cobrar no mínimo R$20,00 só pelas tapas.

Bom, continuando. Comemos e fomos encontrar o pessoal na praça principal, para então ir para a praia de vez. A essa hora, o mar mediterrâneo já tinha conquistado o meu coração.


Praça lotada

A praia que nós fomos foi a Playa Burriana. O mar, azul como aquele da foto que postei. Não é muito diferente das praias brasileiras, as pessoas ficam jogando volêi, armam as barracas e deitam em toalhas para pegar sol (ah, mas muita gente aqui faz topless. E não tão nem aí). A diferença é que aqui as praias tem banheiros públicos bem decentes e gratuitos e as coisas não custam o olho da cara. Um copo de mojito, por exemplo, custa €1,50. Uma garrafa de água gelada de 2L custa €1,80. Ah, e aqui também tem um monte de vendedor ambulante. hahaha







Foi um dia maravilhoso. A água é uma delícia, o mar não bate e a temperatura estava perfeita para o calor que estava fazendo. 

Ficamos lá até o final do dia (que aqui é cerca de 8 da noite, quando o sol começa a se pôr). Eu, que sou do tipo que prefere mil vezes o frio ao calor, e a montanha à praia, não queria ir embora.





Depois da praia, fomos a um mirante assistir ao pôr-do-sol.



Fizemos uma pequena trilha para chegar lá em cima, mas com certeza esse dia perfeito não poderia ter um final menos espetacular.





Esse domingo terá outro passeio à praia, o último da temporada (o outono começou e a tendência é começar a esfriar a partir de agora). Infelizmente, eu não poderei ir dessa vez. Quer dizer, não é infelizmente porque eu estarei viajando para outro lugar, mas eu adoraria poder ir conhecer outra praia daqui. Porque vale a pena demais. Já estou doida para voltar aqui um ano para passar o verão e conhecer todas as praias aqui do sul e as ilhas que só ouço dizer que são incríveis!


segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Granada, Espanha - A primeira semana...

Vou dar um tempo nos relatos do meu mochilão pela Europa em 2010 para poder relatar a minha viagem para a Europa agora em 2013.

Eu escolhi Granada, cidade que fica na Andaluzia, na Espanha, como destino para fazer meu intercâmbio. Na verdade, minha intenção era ir para o Canadá, mas na falta de opções que tinham na UFF, acabei parando aqui. E como tudo na minha vida, nada sai como planejado primeiramente, mas no final, termina melhor do que eu poderia esperar.

O caminho até aqui foi longo.

Quando fui comprar as minhas passagens, elas estavam carésimas. A menos cara era com stop nos Estados Unidos (meus vôos seriam Rio-Miami-Madrid-Granada). Como a data coincidiu com a que a minha mãe e minha tia estavam indo para Miami, comprei essas mesmo e aproveitei e fiquei uns dias em Miami com elas, afinal, quem não gosta de aproveitar uns diaszinhos em Miami e fazer umas comprinhas?

O meu vôo era American Airlines, o delas Tam, e a princípio eu chegaria no aeroporto 2 horas antes delas. Digo "a princípio", porque é claro, como queridinha de Murphy, algo sempre tem que acontecer comigo. Depois de cerca de 2h de vôo, um homem começou a passar mal no avião e tivemos que voltar para Brasília para fazer um pouso de emergência. Não nos disseram exatamente a causa dele ter passado mal, mas os rumores dentro do avião eram que ele tinha bebido exageradamente. Enfim, pousamos em Brasília e achávamos que logo levantaríamos vôo de novo. Mas não. Ficamos parados 3h em solo, sem poder sair do avião, enquanto esperávamos um mecânico vir inspecionar a aeronave e finalmente liberá-la novamente para voar. E nisso minha mãe e minha tia já estavam voando também e eu não tinha como avisar do atraso. A sorte foi que eu, entediada, resolvi postar no Facebook sobre o que aconteceu e uma amiga conseguiu avisar a elas. (Obrigada, Jack!)

Bom, depois disso o vôo correu bem e cheguei no aeroporto sem problemas. Achei que a imigração de Miami iria pegar um pouco no meu pé, por estar indo sozinha para lá, mas nunca fui tão bem tratada pela imigração dos EUA. Não me perguntaram praticamente nada e o policial ainda me elogiou por falar mais de uma língua.

Enfim,  encontrei com elas e acabei ficando em Miami por 4 dias, e foi uma delícia. Na hora de ir embora que deu aquele aperto no coração, e foi aí que a ficha começou a cair que eu realmente iria ficar seis meses longe de casa, numa cidade que eu não conhecia nada nem ninguém, falando uma língua que apesar de ter facilidade, não falava há mais ou menos 6 anos.

O vôo Miami-Madrid ocorreu sem maiores problemas. Muito pontual, apenas trocaram o meu assento de lugar e me colocaram na última fileira, de cara para o banheiro. O avião estava lotado, não tinha nem mais espaço para colocar a mala de mão. Percebi que o assento de emergência da primeira fileira estava vazio e perguntei ao comissário se eu podia ficar lá, já que tinham mudado o meu lugar sem nem me avisar. Ele disse que sim, desde que não aparecesse ninguém. E não apareceu! =D

Sentou uma velhinha fofa no meu lado e eu viajei com um monte de espaço para as pernas, mas não consegui dormir (o vôo saiu de Miami às 18h).

Chegamos em Madrid, a diferença de fuso já mexendo com o meu organismo. Aqui na Espanha estamos 6h na frente dos EUA, 5h na frente do Brasil. Então, quando cheguei em Madrid, apesar de já ser 9h da manhã aqui, para mim ainda eram 3h da manhã, e eu ainda não tinha dormido.

O aeroporto de Madrid, Barajas, é imenso. Muito, muito grande. E não tem muita informação, tive que sair perguntando como faria para conseguir pegar a minha conexão. Tinham falado que a imigração seria em Madrid e a alfândega em Granada, mas eu não fiz alfândega em lugar nenhum. Sobre a imigração em Madrid, disseram que eles eram super chatos aqui na Espanha, principalmente com brasileiros. Olha, se eu contar que o policial nem olhou na minha cara e carimbou o meu passaporte bem em cima do meu visto espanhol (porque eu tinha dado a ele aberto na página do visto), vocês acreditam? Ele nem respondeu o meu "Buenos Dias".

O avião que leva de Madrid à Granada é minúsculo, parece até ônibus, até a mala de mão temos que colocar no bagageiro que fica embaixo do avião. Mas o vôo leva apenas 40 min e eu estava tão, tão cansada que nem reparei se sacode mais que o normal.

Cheguei em Granada no horário previsto. O aeroporto daqui é minúsculo, mas o nosso vôo veio bem cheio e na hora de pegar um taxi foi um salve-se quem puder. Agora eu sei que aqui na cidade tem muuuuitos taxis, mas na hora que chegamos no aeroporto, eles demoravam demais para passar.

Finalmente cheguei no meu apartamento, que eu tinha alugado pela internet. Eu conheci uma brasileira que já morava aqui, a Paula, que desde então tem sido um anjo em minha vida. A Paula veio conversar com a caseira do apartamento, pegou a chave do meu quarto para mim e veio aqui trazer quando eu cheguei. Pois é, uma fofíssima.

O apartamento acabou sendo bem melhor do que eu imaginava, enorme, com um terraço bem grande. Eu divido com um italiano de Nápoles, Carmine, e uma espanhola de Málaga, Eli. Eles são uns amores, e o melhor de tudo, super organizados e limpinhos. hahaha

Quando eu cheguei aqui, num domingo, estava tudo fechado.

Aqui em Granada nada abre domingo. Se você chega e quer fazer compras no mercado, prepare-se para passar fome, porque eles não abrem. Isso, junto com o fato da cidade ser completamente diferente de tudo que eu já tinha visto, misturado com o cansaço e perceber que eu realmente não conhecia nada nem ninguém e que ficaria aqui por 6 meses, me bateu um pequeno desespero. Eu já fiz intercâmbio antes, mas foi completamente diferente. Eu fui trabalhar no Universal Studios em Orlando, mas eu fui com o apoio da agência e com outras 48 pessoas que eu já tinha conhecido no Brasil. Aqui, sou eu e eu.

Ou assim eu pensava.

Logo eu descobri que só fica solitário em Granada quem quer.

A cidade tem um quarto de sua população de estudantes, além da Universidad de Granada ser a universidade da Europa que mais recebe estudantes internacionais. Ou seja, existem centenas de pessoas aqui na mesma situação que eu.

Uma cidade universitária tem dois pontos bastante claros: as coisas são bem mais baratas que cidades grandes normais (aqui a cidade é bem pequena, se faz tudo andando, mas parece cidade grande, porque tem todas as grandes lojas e redes de fast-food) e... TEM FESTA TODOS OS DIAS.

Quando eu digo todos os dias, são todos. os. dias. De segunda a segunda.

Tem uns três grupos diferentes que sempre organizam os encontros e as festas. O melhor de tudo é que quando você sai com os grupos, você não paga para entrar nas boates, e lá dentro, um shot de tequila ou jager, por exemplo, custa €1! O mesmo para cerveja (e as cervejas são sempre top).

Na segunda-feira eu conheci a Eli, minha compañera de piso, e saímos para comer tapas e beber cerveza em um bar aqui perto de casa. Ah, aqui em Granada você pede uma cerveja e eles trazem tapas de graça. Tapas são pequenas porções de comida para você fazer degustação. Alguns lugares trazem alguma coisa aleatoriamente, outros eles deixam você escolher. Tem de tudo: queijos, croquetes, pizza, batata-frita, tortilla... Nesse dia o Carmine, o outro compañero de piso, fez um jantar de boas-vindas, e ainda conheci uma espanhola amiga da Eli e uma inglesa que eu só conhecia pelo Facebook, a Amber.

Cerveza y tapas

Na terça-feira, fui encontrar com um brasileiro da UFF, o Jonathas, que já tinha chegado aqui há duas semanas e estava super enturmado. O pessoal combinou de se encontrar em uma pizzaria com pizza a metro (as pizzas realmente tem um metro de diâmetro! E são deliciosas!)



Lá eu conheci muita gente legal: holandeses, belgas, alemães e duas mexicanas que são duas das pessoas mais fofas que já conheci, a Elena e a Danya. Depois de comer, fomos comprar bebidas e beber num lugar chamado "Botellodromo", que é o único lugar público da cidade que é permitido beber. Foi aonde eu aumentei meu vocabulário alemão e aprendi palavras lindas e delicadas como "fotze" e "schiss". De lá, partimos para uma boate, que eu achei ótima. Tocava todos os tipos de músicas. Tocou até Gusttavo Lima! (não que isso tenha tornado a boate melhor hahaha).

Botellodromo

Na quarta-feira, encontrei com a Paula, que estava empolgadíssima porque tinha entregue a tese de mestrado e tinha passado. Saímos para comemorar, claro!

Muchos chupitos de €1.

Celebrating

Quinta-feira foi dia de descansar, porque a idade já está pesando e o bolso ficando cada dia mais leve.

Na sexta-feira, a Jéssica e a Letícia chegaram para visitar Granada. Elas são duas brasileiras super fofas também, da UFF, que estão morando em Madrid.

E lá vamos nós mostrar a cidade (na sexta-feira, já estava me sentindo totalmente em casa e queria que todos adorassem a cidade, como se fosse minha mesmo) e comer tapas.


Tapas, chupiteria (loja especializada em shots, com mais de 100 tipos, todos por €1) e mais boate. Detalhe, a boate fica dentro de uma cova num topo de uma montanha, me senti fazendo uma trilha para chegar lá.

Sábado de manhã acordamos e fomos turistar, porque até então eu praticamente só conhecia o centro da cidade. A Elena e a Danya encontraram com a gente também.

Nossa primeira parada foi no bairro de Albaícin, um bairro árabe muito legal.


As lojas vendem produtos árabes típicos, e são lindas, cheias de lanternas, chás e produtos feitos com couro. Os preços são uma maravilha também!



Eu fiquei enloquecida e saí tirando fotos, até o vendedor vir resmungar dizendo que não podia. Ahhhhh!



Saímos andando para dentro do bairro, que é cheio de ruelas encantadoras.



As casas são todas bonitinhas, e entre uma ruela e outra, você encontra mansões. O que eu achei mais engraçado foi ver alguns carros lá em cima. Realmente não sei como chegaram lá.




Continuamos caminhando e avistamos a Alhambra ao longe. A Alhambra (pronunciada Alámbra, sem o H) é o principal monumento de Granada e o ponto turístico mais visitado da Espanha. Se um dia você vier a Granada e quiser visitar o famoso castelo, é bom comprar o ingresso com antecedência. Eles começam a vender 3 meses antes, e nós fomos ver para irmos no sábado e já estavam com quase todos os dias esgotados até dezembro!


Queríamos ver a Alhambra mais de perto e também conhecer Sacromonte, o lugar onde existem várias cavernas que servem como hotéis, restaurantes e boates.

É claro, lá vamos nós para mais subidas e caminhadas.


Mas chegando lá a vista super vale a pena.

Alhambra


Sacromonte me lembrou bastante a Grécia, ou pelo menos a minha imagem da Grécia, já que nunca fui lá. :P São várias cavernas de pedra, pintadas de branco.




Depois de passear, começamos nossa caminhada de volta para casa, pois a essa hora já estávamos super famintos.


Chegando lá em baixo vimos que estava tendo um casamento, e achamos muito engraçado como as pessoas de vestem diferente aqui para casamentos. Todo mundo com roupas chamativas e chapéus espalhafatosos.





Almoçamos em um restaurante português muito bom (e barato!) que tinha numa pracinha perto da Carrera del Darro, a rua mais bela da cidade.



Estou aqui há apenas uma semana, e no meu primeiro dia eu tinha muitas dúvidas de como seria a minha adaptação. Hoje, mesmo ainda tendo muitas e muitas semanas pela frente, já sei que quando voltar para casa, vou morrer de saudades daqui!