Admito que Oslo não estava nos meus planos
dessa viagem. Sempre tive vontade de
conhecer a Noruega, afinal, o país é um paraíso para os fotógrafos, mas nunca imaginei
que iria visitá-lo tão cedo. Eu estava pesquisando passagens para viajar no
feriado de 6 de dezembro (é um feriado da Espanha) e eis que encontro passagens
para a Escandinávia por míseros €17! São mais de 4h de voo! Viva a Ryanair!
Fui correndo mandar mensagem para minhas
amigas para ver se alguém topava ir comigo e, no final, acabamos indo eu e a
Polli. Eu queria muuuuuuito ir a Tromsø e ver a Aurora Boreal, disseram que em
dezembro de 2013 seria a melhor época para ver dos últimos 10 anos.
Infelizmente, tivemos que desistir, porque Tromsø fica à 1.600km de Oslo e só a
passagem para lá custa €150 saindo de Oslo, sem contar que cada ida em busca da
aurora (você tem que ir com um guia a lugares mais distantes para ter uma boa
visão) custa no mínimo €100 e você nem tem certeza de que realmente vai
conseguir ver alguma coisa. Como estávamos com a grana curta, Tromsø ficou para
uma próxima vez, e no lugar resolvemos passar 3 dias em Estocolmo, na Suécia.
É muito engraçado, porque sempre ouvi as
pessoas dizendo que Oslo não tinha nada, e quando eu disse que ia para lá ouvi
vários “Mas o que você vai fazer em Oslo?”/ “Você vai em dezembro?! É um frio
terrível e escurece às 15h!/”Noruega? As pessoas de lá são super frias!”.
Ignorei os comentários e foquei na minha viagem.
A cunhada da Polli, Yaiza, resolveu ir com
a gente para Oslo. Ela é esquiadora e lá tem uma das melhores pistas de esqui do
mundo. A ideia original dela era passar os 3 dias esquiando. Digo ideia
original porque chegando lá o tempo foi uma grande surpresa...
Nosso voo saía de Málaga às 7h da manhã.
Não tem ônibus tão cedo assim para o aeroporto saindo de Granada, então o
namorado da Polli levou a gente no dia anterior e passamos a noite no
aeroporto.
Mal sabia eu que essa não seria minha única
vez “dormindo” em aeroporto nesses últimos meses.
A única coisa que fica aberta de madrugada
no aeroporto é a Starbucks. A hora demora a passar e nós não conseguimos dormir
com medo de alguém pegar nossas malas.
No entanto, outras pessoas não pareciam ter
o menor problema com isso. Vimos gente dormindo em bancos e até mesmo no chão.
Mas foi só entrar no avião que caímos no
sono. Juro que não lembro nem da decolagem, quando vi já estávamos aterrissando
em Oslo.
Nós chegamos pelo aeroporto de Torp, que é
uma grande enganação da Ryanair. Eles chama de “Oslo” mas na verdade o
aeroporto fica à quase 2h da cidade. Foi no aeroporto que vimos pela primeira
vez o quanto a Noruega era cara. E coloca cara nisso.
Trocamos parte do dinheiro no aeroporto, a
moeda da Noruega é o NOK, e €1 = +- 8 NOK.
O trem do aeroporto até a cidade custou
nada menos que €27, basicamente nossas passagens de avião ida e volta.
Mas, não deixamos isso nos afetar. Por
sorte, o trem deixava a gente na estação central e esta ficava bem perto do
nosso hostel.
Aliás, hostel em Oslo é raro e os poucos
que tem são bem caros. Nós ficamos em um que era baratíssimo em relação aos
outros e eu tinha ouvido falar super mal dele. Felizmente, nós amamos o hostel!
Ficamos em um quarto privativo para três pessoas e achamos tudo super limpo, confortável
e a localização era excelente.
O nome do hostel é Sentrum Pensjonat.
Foi um pouco complicado de encontrar assim
que saímos da estação, mas foi aí que percebemos pela primeira vez que toda a
“frieza” do povo norueguês era apenas boatos. Pelo menos com a gente. De todos
os países que eu já visitei, nunca vi um povo tão educado e com boa vontade de
ajudar como os noruegueses. Fomos pedir informação à um homem na rua e ele
simplesmente tirou o celular do bolso e jogou o endereço no GoogleMaps para a
gente! Muito fofo.
Depois disso, foi fácil chegar no hotel.
Ah, na Noruega TODO MUNDO fala inglês. Então, se você sabe se virar no English,
não se preocupe por não falar norueguês que eles vão te entender. Da caixa do
supermercado, ao motorista do ônibus à vendedora da loja, todo mundo fala inglês.
Deixamos as coisas no hostel e saímos para
conhecer a cidade. Era 3 da tarde, mas já estava anoitecendo.
Almoçamos no Burger King (uma promoção de
cheeseburger + batata + refrigerante custa 87NOK, mais ou menos 11/12 euros,
colocando isso para real minha gente, sai “apenas” a R$40,00). Acabamos que
íamos quase sempre lá, porque não conhecíamos bem os outros restaurantes e
ficamos com medo de arriscar e acabar pagando caro por uma coisa que não valia
a pena. Só no último dia que fomos numa pizzaria excelente, mas nos outros dias
comprávamos coisas no mercado e fazíamos no hostel ou comíamos no BK mesmo (eu
não aguento mais ver BK).
Andamos pelo centro de Oslo mesmo, que é
muito bonito e, apesar de praticamente tudo em Oslo ser bem caro, comprar
roupas, sapatos e eletrônicos lá vale a pena.
Estávamos passeando, chuva na cabeça,
quando de repente percebemos que não era mais água caindo na gente, mas NEVE!
Noooossa.
Foi uma festa. Parecíamos crianças pulando
de alegria por ver a neve caindo.
Imagino os noruegueses olhando para a gente
“Ai, ai, essas brasileiras que nunca viram neve na vida...”.
Depois de muito andar, paramos em um bar
para tomar uma cerveja norueguesa. Achar um bar foi um tanto quanto complicado.
A maioria que entrávamos só tinha homens e eles eram, digamos, nada discretos
com os olhares e comentários. Finalmente achamos um lá na rua principal e
bebemos nossa cerveja. Uma delícia, 50 NOK o pint (473ml).
Acabadas e mortas de sono, voltamos para o
hotel.
No dia seguinte eu e a Polli acordamos e
fomos para o Viking Museum e a Yaiza foi esquiar. O Viking Museum fica um pouco
longe do centro e tivemos que pegar um ônibus. O recepcionista do hotel, muito
simpático, explicou para a gente qual ônibus pegar e onde pegar e chegamos lá
sem problemas.
O lugar é lindo, e tem outros museus lá
além do Viking. Nós perdemos a parada em frente ao museu e tivemos que descer
na próxima, mas nem reclamamos, porque o lugar era tão lindo que parecia de
mentira.
O Viking Museum é muito legal. Lá contam a
história dos Vikings e você pode ver três navios. Quem é estudante paga meia,
então, levem a carteirinha! O museu estava super vazio quando fomos e não é
muito grande, então fizemos tudo em cerca de 1h. Vale muito a pena.
Quando saímos estava uma ventania
absuuuuurda e quase saímos voando. Resolvemos pegar o ônibus e ir para o Centro
do Prêmio Nobel da Paz. Os outros prêmios Nobel são entregues em Estocolmo, na
Suécia, mas o da Paz é em Oslo.
Estávamos no ônibus esperando a parada que
o homem tinha dito para descermos quando a Polli diz “Cami, olha! É ali o Nobel
da Paz!” e aponta para um prédio. Descemos correndo do bus e fomos lá. Achamos
estranho, porque estava vazio e não tinha nem ninguém na porta. Mas, estava
aberto, então entremos e saímos investigando.
O lugar era super chique e quando nos
deparamos com uma biblioteca enorme, descobrimos que ali não era o Centro Nobel
da Paz, mas o Instituto! Que vergonha. Ainda bem que quase ninguém viu a gente!
Depois desse pequeno mico, saímos em busca
da estação de barcas, de onde sairia um barco que fazia um passeio pelos
fiordes de Oslo. Os fiordes são muito famosos na Noruega, mas depois me
contaram que os de Oslo nem são nada demais. Não sei dizer, porque nós nos
perdemos feio.
Entramos em um hotel e pedimos direções ao
moço que estava na recepção. Seguimos o que ele falou e passamos por cada lugar
mais lindo que o outro.
Depois de andar e andar e andar e passar
por avenidas sem pista de pedestre etc... finalmente chegamos num porto.
Achamos o “barco” um pouco grande para fazer um passeio turístico, mas fomos lá
perguntar.
O homem já estava enfiando a gente para
dentro do navio quando descobrimos que ele ia para a Alemanha! Huahuahuauaa
Contamos que estávamos procurando o
“sightseeing boat” e eles não faziam idéia do que era. O barco saía às 15:30 e
a essa altura já era 15:00h e estávamos no meio do nada. Desistimos do passeio,
mas agora a grande aventura seria voltar para o hotel, porque não fazíamos a
menor idéia de onde estávamos.
Andamos sem rumo até que não tínhamos mais
opções e paramos uma moça que estava andando de bicicleta pela ciclovia. Não
tinha mais ninguém em volta, era uma highway. A moça foi super simpática, mesmo
a gente tendo parado ela no meio do caminho e explicou como voltar para o
centro.
E lá fomos nós...
Chegamos numa parte maravilhosa da cidade,
provavelmente a mais bela.
Para completar o sol estava se pondo e foi
um dos pores-do-sol mais lindos que já vi na vida.
Realmente de ficar olhando com um “wow” na
cara.
Estávamos morrendo de fome e continuamos
andando. Sem querer fomos para numa rua que estava lotaaaada de barraquinhas
com pessoas dando provas de comida. Imagine duas brasileiras, estudantes, com
fome numa rua com provinhas grátis? Provamos de tudo! Pannetone com queijo
norueguês (o queijo norueguês é marrom e tinham me falado super bem dele. Eu
não gostei, achei que tem gosto de doce de leite, mas é muito estranho), Glogg
(é uma bebida típica da Escandinávia, quente. Eu amei!) e o melhor de todos...
macarons! Acho que a moça dos macarons
estava doida para ir embora, porque ficou oferecendo um monte para a gente e
ela aproveitou e comeu também. Adoramos! E estava divino!
Continuamos a
andar (caminhar define essa viagem... mas vou admitir que não tem nada melhor
que caminhar quando você está conhecendo uma cidade nova. Apesar de metro ser
uma mão na roda nas grandes cidades, perdemos muita coisa quando andamos por
debaixo da terra) e adivinhem onde fomos parar?
Em frente ao
Centro do Prêmio Nobel da Paz!
O Nelson Mandela
tinha falecido na noite anterior e estavam fazendo homenagens a ele por todos
os lados do centro. Não precisamos pagar a entrada.
Depois do museu
(ainda eram umas 5h da tarde, mas achávamos que eram 9h da noite. Esse negócio
de escurecer às 3h da tarde mexe demais com o metabolismo. O dia parece muito
mais longo!) fomos caminhando de volta para o centro e encontramos um Christmas
Market, que eu estava louca para ir!
Esses
“mercadinhos de natal” são basicamente uma feirinha com coisas típicas de
Natal. Além de enfeites e roupas de frio, lá você encontra todos os tipos de
comida e bebida.
Comemos um waffle
belga. Aprovadíssimo.
No caminho de
volta ao hostel, paramos no Freia, uma rede de chocolates maravilhosa que tem
na Noruega, super recomendo, e compramos um chocolate quente (fazendo esse
relato estou percebendo o quanto comemos! Hauhauaha) para esquentar do frio. A
Polli disse que parecia nescau, acostumada com os chocolates quentes daqui da
Espanha, que são quase um chocolate derretido, mas eu gostei.
Voltamos para o
hotel, praticamente sem pernas depois de tanto andar e encontramos com a Yaiza,
que estava arrasada porque chegou na estação e não tinha neve suficiente para
esquiar. L
Vou dividir esse
relato em dois também porque esse aqui já está imeeeenso e nosso terceiro dia
foi intenso também!